As lembranças no presente, para mim, não existe passado
quem sabe se não foi só um sonho?
Recordando os momentos, vividos desde quando comecei
intender que era um ser vivente, foi em uma noite, na casa
onde nasci, casa do campo, chão de terra batida, fogão a lenha,
casa cheia iluminada, pela luz da lamparina, e do candieiro.
O motivo foi a morte de minha irmã Mirtes, que só teve seis
meses de vida. A casa estava cheia da vizinhança, e seus filhos,
um deles falou, vamos brincar de esconde? Fui o primeiro, sai
correndo quando passava em frente o esquife de minha irmã, vi
sair de sima dela uma pomba branca batendo asas e atravessando
a janela que estava fechada, voltei correndo e gritando mãe vi
um grande passarinho saindo de cima dá Mirtes, todas começaram
a rezar. Foi desta noite, dá quele dia, que comecei a contar a minha
história toda escrita em meus pensamentos, dias, ha dias, a minha vida
nunca foi fácil, sempre lutando para sobreviver, até hoje, já contando
oitenta e sete anos, continuando a nadar, neste mar sem fim, tendo o
corpo marcado, ferrado, sangrando, perfurado, muitas lagrimas vertidas,
assim estou sobrevivendo, neste jardim criado por Deus, quando quero
rezar, me ajoelho aos pés de uma árvore, e rezo, pai, filho e o espirito santo.
Escrito por José da silva caburé, poesias, contos, & versos.
Araruama; 26/04/2024.