Um Menino Homem!
Aos sete anos, lambuzado de caldo de cana,
Os pés descalços, pisando nos espinhos, benzinhos,
que perfuravam os meus pés, era muito dolorido,
La no pasto o mugir das vacas, quando me via, nem era
preciso tocá-las, elas sabiam de seriam ordenhadas, que
aliviava do peso que carregavam, e a dor que sentiam,
chegando no curral, as bezerradas começava as barredeiras,
logo que papai começava a ordenha eu já ia querendo, papai
encha a minha cuia, estou com fome, vou lá em casa colocar farinha,
quando acabavam as ordenhas soltava as vacas e os bezerros, só ia apartá-los
as quatorze horas, nesta ida trazia os bois de carro para carregar cana para o
engenho para ser moída e fazer o caldo para ir para a tacha, fazer o melado,
para fazer a rapadura, ou assucara mascavo, em outra ocasião fabricava cachaça,
na moagem papai colocava as canas eu ia retirando os bagaços, aos oito anos comecei
os meus estudos, das sete horas as onze horas, voltava para o trabalho, assim era a minha vida,
de um menino muito feliz, forjado sobre a chuva trovoes, e relâmpagos, e do sereno das madrugadas,
nem por isto deixava de brincar, fásia carrinhos de caco de cuia, os bois de sabugo do milho,
vazia arapucas, para pegar passarinhos e logo soltavam, fazia bolinha de barro queimava no fogo
para ser usadas no estilingue, vazia gangorra no pé de piorra, eu tinha muito bicho nos pés, que por
muitas vezes, usava espinho de laranjeira ou de Santo Antônio, para retirar os bichos, de pés. que são naturais dos porcos, eu nunca tive um agasalho, para me aquecer do frio, e nem sapatos para livrar dos espinhos, eu sei que ainda existem muitos lugares, ou países, que ainda tem muitos meninos assim como eu fui, sei que muitos deles, estão passando o que passei, mais da minha parte, eu sinto um grande orgulho, deste homem ainda menino, já com oitenta e seis anos de vida, bem vividos.
Escrito por José da silva caburé, poesias contos & versos. Araruama; 16/06/2023.