segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

 Ouve-me a reza: que alguém rezou

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Se o amor é pecado, Eu, pecador, me confesso,

de tudo que ainda penso, em meu olhar trasviado.

Se com isto estou perdendo A minha alma, trasviada, 

Minha alma não vale nada, eu peco e não me arrependo.

Deste ardor que me inflama Direi, para ser sincero, Que

Dele somente espero Amar-te mais do que te amo.

Se reso nas minhas preces só peço a Deus essa graça;

Que me conceda e me faça amar-te quanto mereces.   

Eu vivo, tão descuidado, De tudo mais desta vida, 

Que nem me ocorre querida, A ideia de ser amado.

Amor com o feitio desse Que a si, mesmo renuncia, 

Como te agradeceria O que eu por ti padecesse!

Deixa tu, pois, que se farte Meu olhar impenitente

todo embebido e contente Da só ventura de olhar-te.

Sem razão fora severa, Como a pobre de uma roseira,

Porque ela, queria ou não queria, dar rosas, senão é primavera.

 Deus, que nos pôs face, a face E deu-me os olhos que tenho,

Nisso mostrou certo empenho, em que eu te visse e te amasse.

Por força de lei divina e não, decreto, por gosto. Quando pouso,

em teu rosto, o meu olhar se ilumina. Perdoa a minha insistência.

Dos olhos que a ti levanto: olhar ti-ei é o supremo encanto.

De toda a minha existência. Olhar-te. Delicia Calma! Mar atranquilho!

 Sem escolhos! É o pecado dos meus olhos, E a salvação da minha alma.

Confesso-me, nada nego, Amo-te e nisto de amar-te só tenho de minha parte 

a culpa de não ser cego. É meu destino, que queres? Eu te amo, porque me encantas.

Tu a mais linda das santas, E a mais santas das mulheres.

Escrito por José da silva caburé, poesias, contos & versos.